Jornalismo mochileiro
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Décio Freitas (*)
Para falar a verdade, o "monarca das coxilhas" ou "centauro dos pampas", não passava de um pobre-diabo. O trabalhador da economia pastoril - peão, posteiro, tropeiro, etc. nada tinha da difundida imagem do gaúcho: altivo, independente, rebelde.
Não bastasse isso, no sistema de produção pastoril as contradições e os antagonismos de classe assumiam forma extremamente moderada. O pastoreio se apresentava como sistema de produção eminentemente natural, em que a maior parte do tempo de produção se processava sem intervenção de muito tempo de trabalho social. A produção do boi-mercadoria constituía o resultado do simples transcurso do tempo. Para que o animal atingisse a idade econômica em que se podia introduzi-lo na circulação, havia que esperar pelo menos cinco anos.
O processo de produção natural, evidentemente, não conferia nem agregava ao capital-boi qualquer valor econômico, de uso ou de troca, ou seja, não gerava mais-valia, fonte da acumulação capitalista. Fazia-se necessário trabalho social; este, porém, em quantidade muito escassa. As limitações naturais impediam o aumento da mais-valia absoluta - a extorsão de mais trabalho do peão na mesma jornada de trabalho.
Afora isso, afirmava-se orgulhosamente na lida em torno dos seres irracionais que constituíam o objeto do seu trabalho. Não é dizer, naturalmente, que não houvesse luta de classes. Ela apenas se desenvolvia nas suas formas mais elementares e dissimuladas. O gaúcho não apenas não enfrentava o patrão, mas também assumia, perante ele, uma postura submissa e reverencial. A dominação não se exercia apenas a nível econômico e ideológico.
Soldados incomparáveis na luta pelos interesses dos seus dominadores, formavam entretanto uma massa apática e medrosa na luta pelos seus interesses próprios. A isto se deve uma das singularidades históricas oferecidas pelo Rio Grande, a saber, a de que foi no passado a única região brasileira em que não se registra uma única insurgência das classes subalternas. Celebrado como rebelde, o gaúcho todavia nunca se rebelou. As rebeliões que se conhecem, sempre foram rebeliões dos seus dominadores.
O contrário se dava em outras regiões brasileiras, como o Nordeste, onde os impulsos insurrecionais das classes subalternas, manifestados de forma freqüente e intensa, não consentiam o luxo de armar e levar à luta a massa de explorados. É necessário insistir: em nenhuma região brasileira a luta de classes apresentou um nível tão baixo como no Rio Grande do Sul. Este mesmo pobre nível da luta de classes, por sua vez, explica a longa estagnação relativa da economia pastoril gaúcha. O caso ilustra exemplarmente a tese de que não há progresso sem luta de classes. A acumulação foi despicienda na economia pastoril gaúcha devido exatamente à módica taxa de mais-valia extraída dos peões.
Publicado em setembro de 1986

Diário aposta em
jornalistas móveis
Segundo reportagem do The Washington Post, o diário The Fort Myers News-Press, também americano, está usando 14 jornalistas móveis - ou "mojos" (abreviação do inglês "mobile journalists") -, ou seja, profissionais que alimentam o site do jornal durante o dia munidos de equipamentos como laptops, gravadores digitais e câmeras de vídeo.
Um dos repórteres do jornal, Chuck Myron, de 27 anos, é apresentado na matéria como um dos jornalistas móveis que não possuem escritório. Myron utilizaria seu próprio automóvel como redação.
A reportagem do The Washington Post pode ser lida na íntegra aqui (em inglês). Via Cyberjournalist.
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Fonte: www.jornalistasdaweb.com.br e publicado com autorização do editor.